Laços
Pedaços de uma vida que tive outrora. Poderia ser este o início da minha dissertação.
Era uma manhã fria, como tantas outras. As rápidas passadas faziam-se ecoar na rua escura e deserta. Estava uma vez mais atrasada. Mais uma vez corria o risco de perder aquele maldito e pérfido autocarro. Sentimo-nos estupidamente fragilizados quando a monotonia se apodera violentamente da nossa vida. O nosso quotidiano simplesmente deixa de o ser; aparentemente parece que se tornou o quotidiano de outrem.
Era uma noite fria, como tantas outras. Bebia o meu café quente, enquanto folheava o jornal diário buscando boas novas ou simplesmente buscando. Olho, impacientemente, para o relógio, vejo que ainda faltam uns largos minutos para que tu chegues. Que aperto no estômago! Uma sensação agridoce percorre o meu corpo como se de um arrepio se tratasse. Chegaste por fim. Sempre estiveste comigo. E eu nunca me apercebi disso. És tu e o tempo.
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