A Noite II

Vamos supôr que a existência humana de cada indíviduo é como uma paleta de cores... O que devemos deduzir quando vislumbramos a vida através dum tom cinzento? Quando sentimos que vemos a nossa própria vida através duma lente a preto & branco, como se de um filme de baixo orçamento se tratasse, não sendo nós próprios o realizador mas somente um mero espectador, impávido perante toda a atrocidade demonstrada.
Decerto que todos nós, a certa altura da nossa vida, já nos sentimos como esse espectador anónimo, que fica sentado no fundo da sala de cinema, silencioso e solitário, observando apaticamente à exibição.
Existem certos e determinados acontecimentos na nossa vida que não conseguimos controlar, que nos transcendem em toda a sua grandiosidade e importância demais. Ultimamente sinto-me como esse espectador, impávida e incapaz de demonstrar os meus verdadeiros sentimentos, que me consomem a cada segundo com mais intensidade e dor. Gostava de poder expressar sem problemas o turbilhão de emoções que tenho dentro de mim mas, infelizmente, nem eu mesma quero aceitar ou, meramente, acreditar.
O que devemos pensar ou fazer quando tal comboio de ideias recriminatórias nos embate com todo o seu vigor? Uma vez chegada a este patamar sinto que pouco ou até mesmo nada posso fazer, nem mesmo revelar as minhas demais preocupações e angústias. As lágrimas, essas que um dia me reconfortaram, delineam o meu rosto sem me dar um sopro de esperança. Sinto, somente sinto.

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